Ano eleitoral já começou e tudo pode piorar
Da onde a gente não espera nada é que não vem nada mesmo...e quase às vésperas das eleições, coisas incríveis têm acontecido. Arrasta pra baixo pra ver.
Tem Tigrão que vira Gatinho e tem pré-candidato a vice sem Uber para rodar por aí. Também tem movimentos estranhos acontecendo para fisiologista se agarrar no bolsonarismo extremista. E agora? Para onde ir?
Vi no Jornal Tirei da minha cabeça mesmo
1 - Clima - Eu não sei vocês, mas essa semana eu senti o clima pré-eleitoral ficando mais acirrado para os bandos de cá. Talvez seja porque, ao contrário do que muitos de nós esperávamos pós-eleições 2022, a polarização parece estar mais intensa. E em Santa Catarina tem gente fazendo de tudo para se agarrar ao bolsonarismo sem temer as consequências da rejeição ao extremismo doentio que ainda se prende a discurso anti-vacina, que acredita que não houve crime contra a democracia em 8/01 e que mergulha em fake news como se fosse o mar caribenho.
2 - Mal acompanhado - O prefeito de Florianópolis Topazio Neto é um desses perfis. Até poucos dias atrás não expressava qualquer inclinação bozolóide, mas mudou. Tal como o ex-prefeito Gean Loureiro (a quem ele deve a ascensão ao cargo), em ano eleitoral ele decidiu se afeiçoar a figuras bolsonaristas. E escolheu uma das piores delas: a extremista Julia Zanatta levou Eduardo Bolsonaro ao gabinete do prefeito, almoçou com ele e assessores e também usou uma suposta popularidade do prefeito para tentar mostrar algum poderio político. Será que tem?
3 - Matemática apressada - Em Florianópolis, Zanatta fez pouco menos de 7 mil votos em 2022, quase três vezes menos do que a principal liderança de oposição na Câmara, Carla Ayres (PT), na mesma eleição. Por conta da legenda, Carla ficou de fora, mas, em tese, pensando na estratégia do prefeito Topázio Neto, tem bem mais força política do que a bolsonarista na Capital. Soma-se a isso a rejeição à figura de Julia, basta ver as respostas aos seus tweets e a forma como circulou a foto do trio entre perfis mais moderados. Topázio antecipou a eleição com um movimento arriscado. E não tenho dúvida de que perdeu mais do que ganhou.
Que o bolsonarismo existe e está entranhado em Santa Catarina não há a menor dúvida. Mas Topázio não construiu seu nome agarrado ao falso messias e Florianópolis não teve uma liderança confortável do ex-presidente no embate de 2022 (53 a 46). Agarrar-se a ele agora me parece mais um sinal de desespero do que de estratégia. O tempo dirá.
Deu ruim
1 - Vai de 99 - Dias depois de receber Julia Zanatta e Eduardo Bolsonaro na prefeitura para um almoço (no que essa agenda beneficia os cidadãos mesmo?), o prefeito viu O Globo revelar que o marido da nova aliada, possível candidato a vice em Criciúma, está com a conta na Uber suspensa por denúncia de racismo. O motorista do aplicativo alegou que uma passageira mulher de pele branca fez questionamentos sobre política a ele. Não gostando da resposta, recitou os versos da cantiga “Boi da Cara Preta".
É importante que esse assunto volte na eleição, tanto para questionar a chapa onde ele estiver, quanto para questionar o próprio Topázio. Embora a denúncia do motorista não tenha ido para a esfera criminal, todos sabemos que racismo é crime. Candidatos devem ser cobrados a se expressar sobre seus compromissos em políticas de equidade e no combate ao preconceito. Para além disso, todos querem saber: quem era a mulher que teria cometido o ato que suspendeu a conta do marido da deputada?
2 - Enquanto isso, na Câmara - Dois dias depois da denúncia vir a tona, a deputada pediu a retirada de pauta de um projeto de igualdade racial junto à comissão de direitos humanos da Câmara. O projeto iria ser votado na Comissão no dia 13, já com parecer favorável da relatora.
A proposta tramita desde 2020 na Câmara e tem a autoria de deputadas negras, Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ). A ideia é combater a desigualdade na atenção integral à saúde da população negra em casos de epidemias e pandemias, já que 80% da população negra é usuária do SUS.
O projeto acabou sendo retirado da discussão a pedido da própria relatora, Reginete Bispo (PT-RS). Julia Zanatta não participou da reunião, mas no pedido protocolado à comissão alegou ser “contrária ao mérito”. Seus colegas de bancada extremista também pediram a retirada de pauta.
3 - Marielle não acabou - Na mesma comissão, um caso estarrecedor me leva a perguntar onde vamos chegar com deputados extremistas fazendo da Casa do Povo o circo que bem quiserem. O extremista Eder Mauro (PL-PA) gritou "Marielle Franco acabou", em referência aos 6 anos da execução da vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, intimidando a colega Talíria Petrone, dando adeus ao decoro e, por tabela, passando pano para criminosos que mataram e mandaram matar uma parlamentar em caso ainda não resolvido pela Justiça.
Eder é pré-candidato a prefeito em Belém. A pergunta que fica é: o que o extremismo bolsonarista tem de bom a apresentar? Qual o potencial dessas pessoas para destruírem tudo o que veem pela frente?
Craque do Jogo
E o Zé, hein? - Me chamou a atenção ontem, no noticiário, as sucessivas menções à festa de aniversário de José Dirceu, um dos fundadores do PT e talvez o primeiro grande nome do partido a se ver envolvido em casos de corrupção (leia-se Mensalão). No primeiro mandato de Lula, já era visto como um homem forte, um animal político e grande articulador. Por algum motivo que logo saberemos o nome dele voltou a protagonizar o círculo dos comentaristas políticos. Sua festa estava estrelada, é o que dizem. E seu papel, aos 78 anos, não parece mais ser de antagonista, nem de coadjuvante. Veremos.
De olho neles
1 - Vergonha internacional - Enquanto mulheres brasileiras faziam bonito em evento da ONU em Nova York, em evento sobre promoção da igualdade de gênero, a ala radical bolsonarista fazia mais um show cafona para seus seguidores em Washigton. Comandados por Eduardo Bolsonaro, que dias antes beijou a mão de Topázio Neto e Jorginho Mello em Santa Catarina, foram para um evento cancelado denunciar a “ditadura” no Braisl e tiveram que se contentar com a rua, um púlpito velho e mal acabado e o desinteresse púbico. Quem pagou por isso?
Considerações afinais
O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, antecipou a campanha e parece sentir o peso dos seus concorrentes. Se por um lado, o medo do 22 fez com que posasse com extremistas, por outro o medo de uma coligação progressista fez com que disparasse acusações contra o deputado Marquito em um vídeo na sua rede social relacionandoo pré-candidato à greve dos servidores municipais na Capital.
Mesmo vendendo a imagem de um homem "popular", o empresário mostra quem é na modulação do seu discurso: com professores e trabalhadores da saúde e limpeza urbana uma fala agressiva, já com os comissionados investigados por corrupção, uma paciência e cordialidade sem igual. Com trabalhador, um leão, com investigados, um gatinho.
Até a próxima, pessoal ;-)
Imagem criada por inteligência artificial