Festa do cabide em família é a nova promoção da Black Mamata Friday
Quantos parentes e amigos de Jorginho Mello e dos seus filhos vamos encontrar ocupando cargo público no governo estadual até o fim do mandato?
Encerrei a semana lembrando de um hit da minha juventude: o joguinho ‘Onde está o Wally?', que consistia em procurar um bonequinho de camisa listrada em paisagens cheias de apelo visual. O governo Jorginho Mello está nos convidando a brincar de ‘Onde está o parente?’ nos últimos dias. Pena que nesse jogo só ganham os filhos e amigos dele.
Oi, pessoal!
Com o PIB crescendo, o mês começando, o salário caindo e a sexta chegando, queria fazer uma newsletter só de notícias boas. Mas aí você estaria lendo algo meio fake, porque por aqui, no estado bolsonarista, a gente tem é que continuar resistindo (nunca desistindo). Então bora passar o olho para os fatos dos últimos dias!
Vi no jornal
Filho de peixe - Repercutiu nacionalmente (porque localmente tá difícil) a informação de que o sogro do filho de Jorginho Mello está no alto-escalão do governo de Santa Catarina, no gabinete da Casa Civil, sonho de consumo do rebento do governador bolsonarista. Depois, recebi a informação de que a cunhada dele também foi agraciada com dois cargos (em comissão e em conselho de administração). Juntos, os salários beiram aos R$50 mil.
Quando reagi contra a nomeação de Filipe Mello ao cargo da Casa Civil, sabia que existia um debate jurídico sobre nepotismo no funcionalismo público. Parentes ou quase parentes (cunhado, sogra, prima…) não são alvo desse tipo de debate, mas nos levam a uma discussão sobre hipocrisia. Isso porque são as mesmas pessoas desse campo conservador que batem no peito para falar em meritocracia. Reserva de vaga para pessoas negras não pode, mas para os amigos do rei tá liberado, né?
Será mesmo que os filhos do governador são cercados das pessoas mais inteligentes e qualificadas do Estado?
Fora isso, todo mundo que conhece a história da família do grande ídolo de Jorginho Mello, o mito(mano) Jair Bolsonaro, sabe que essas nomeações de parentes, amigos e amigos de parentes resultou, num passado bem recente, na famosa “rachadinha". A história é pública e foi muito bem contada nesse livro aqui, que indiquei já na primeira edição da newsletter.
Peixinho (ou peixão é) - O irmão de Filipe, Bruno, também pode estar apitando na administração do pai. Isso porque um sócio dele que já estava em cargo comissionado como diretor do Hospital Infantil passou a ser o responsável pelo plano de saúde dos servidores do estado. Aqui, há mais problemas do que possa parecer: o novo nomeado, Levy Hermes Rau, atende por esse plano de saúde em uma clínica. E o próprio Bruno Mello já foi sócio dele em uma empresa que presta atividade médica ambulatorial.
Repito a pergunta: Será mesmo que os filhos do governador são cercados das pessoas mais inteligentes e qualificadas do Estado?
Imagem criada por inteligência artificial
Craque do jogo
Sílvio Almeida - O ministro de Direitos Humanos repudiou a guerra e a desproporcionalidade das ações do exército israelense contra a população palestina em Gaza. A fala ocorreu na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Poucos dias depois, Israel deu uma das amostras mais abjetas dessa desproporção, atacando uma população faminta em busca de ajuda humanitária.
De olho neles
Ansiosos estamos - Confesso: estou ansiosa pelas respostas do questionário que enviei ao governo de Santa Catarina sobre a comitiva de agentes públicos e seus amigos aos Emirados Árabes. O documento foi enviado via Lei de Acesso à Informação, com a ajuda de muitas pessoas comprometidas em zelar pela boa administração pública. Assim que as respostas chegarem - o prazo é de 30 dias - vai rolar edição extra por aqui, com todos os créditos devidos.
Os mais pobres pagam - A bancada extremista catarinense votou em peso contra a tarifa social de água e esgoto aprovada pelo Congresso nessa semana. Não há qualquer justificativa que me faça entender porque, nesse estado, tem tanta gente disposta a não fazer nada pela população ocupando cargos de decisão.
Deu ruim
Indiciada - Espelho, espelho meu, existe alguém mais (censurado pelo jurídico) do que Carla Zambelli? A deputada que conspirou contra a democracia, que correu armada atrás de um homem e que está mais suja do que pau de galinheiro foi indiciada pela Polícia Federal com provas bastante sólidas de seu envolvimento na invasão do site do Conselho Nacional de Justiça. Vai ter que começar a pagar, porque com as provas apresentadas vai ser difícil a Procuradoria Geral da República arquivar a denúncia.
Viajado - Pegou muito mal junto à opinião pública o péssimo uso do dinheiro público feito pelo bolsonarista extremista Jorge Seif. No meio de duas agendas internacionais para fazer nada de relevante aos cidadãos, ele trocou uma passagem aérea para participar do ato de apoio ao ex-presidente encrencado. Isso custou R$ 30 mil aos cofres públicos, fora as diárias. Aqui, tentei explicar porque isso não é um trocado.
Considerações afinais
Na terça (27), participei da cerimônia do Prêmio ACI Ocesc de Jornalismo. Fiz parte da comissão organizadora desta terceira edição e pude ver que Santa Catarina ainda tem repórteres dispostos a contar boas histórias. Foram muitos e excelentes premiados, mas deixo aqui os links daqueles que me tocaram pela pauta, por nadarem contra a corrente em um estado com muitas narrativas escondidas ou negligenciadas. Aproveitem! A lista completa dos vencedores está aqui.
VÍDEO
2º “Supremacia à meia-luz: os terríveis caminhos do neonazismo em Santa Catarina” | SCC SBT | Autor: Paulo Henrique
TEXTO
1º “‘Defendemos nosso direito à terra’: os povos indígenas do Brasil saúdam a vitória da Suprema Corte” | The Guardian | Autora: Schirlei Alves
3º “Professora é perseguida por apoiar inclusão de aluna trans em escola pública de Florianópolis” | Catarinas em parceria com Intercept | Autora: Fernanda Pessoa
UNIVERSITÁRIO
1º “Uma História de Silêncios” | UFSC | Autoras: Clara Spessatto, Ísis Leites e Júlia Matos
Até semana que vem, pessoal ;-)