Mais pra quem tem mais, menos pra quem não tem nada
Bolsa pra estudante de Medicina, nada pra jovens que se evadem do Ensino Médio. Seguimos com todos os sinais invertidos por aqui.
Olá, pessoal! Por aqui a semana termina com aquela sensação de que estamos no rumo que o diabo gosta: em Santa Catarina, segue imperando a lógica do “mais para quem tem mais” e menos pra quem não tem nada.
A responsabilidade, claro, está na conta de um estado que carrega em si todas as contradições do bolsonarismo, elemento que levou o governador Jorginho Mello a dar um passeio na Argentina, sem que ninguém questionasse, pra mobilizar a militância de um ex-presidente que, sem poder fazer campanha pra nada, segue em campanha apenas para ser uma pessoa desprezível. Vejamos como foi.
1 - Vi no jornal
Dessa vez vou subverter a sessão “deu no jornal” para pegar pra mim os créditos de um assunto que levantei graças a informações que recebi sobre o programa Universidade (nada) Gratuita e que acabou repercutindo na imprensa.
Quem me acompanha sabe que sou contra esse programa desde que foi anunciado, ainda na campanha de Jorginho a governador. Durante o fim de semana recebi informações muito claras e precisas sobre problemas na fórmula de distribuição de bolsas para as faculdades da Acafe. Na segunda, trouxe o assunto e embora ele não tenha provocado o barulho que imaginei, dias depois estava indiretamente pautado pela imprensa.
A fórmula prevê benefícios a quem tem despesas com educação e habitação, o que obviamente favorece quem tem recursos. Aqui você pode ver melhor a linha de raciocínio que me foi apresentada e que explorei no Twitter.
Na imprensa, a informação de que 52% do valor do programa está servindo para pagar mensalidades de estudantes de medicina beira ao escândalo. E o pior: ao invés de chamarem especialistas em políticas públicas para discutirem isso seriamente, quem os deputados chamam? Sim, a presidente da principal instituição beneficiada, a Acafe. Honestamente? Sem condições.
Jorginho Mello nem precisa provar que seu objetivo é ajustar os cofres das universidades, a prova já está dada. Enquanto isso, políticas públicas bolsonaristas seguem não sendo públicas - são feitas para privilegiar aqueles que já têm privilégios. Prova disso é que a bancada do PL de SC na Câmara Federal votou contra uma bolsa oferecida a estudantes pobres de ensino médio pelo governo federal. Não é ironia, é projeto.
Sete deputados catarinenses são inimigos da juventude e do seu direito de conquistarem um diploma que pode ser fundamental pra uma vida mais digna. Dá pra entender quem pense desse jeito? Só o bolsonarismo doentio explica.
2 - Craque do jogo
Flávio Dino - Eu sempre fui admiradora da coragem do ex-juiz, governador, senador e ministro da Justiça, e acho que mais uma vez ele provou ser muito qualificado pra lidar com os desafios de ser uma liderança pró-democracia num país ameaçado pelo extremismo.
Dilma Rousseff - Presidente de banco e economista do ano, a nossa ex segue sendo vítima de um ódio insano que a atinge mesmo quando circula em locais públicos. Aniversariante da semana, ela não se dobra e segue na sua curva ascendente: com a volta do PT ao centro das decisões políticas do país, ela tem caneta e poder pra deixar os haters no chinelo. O Brasil vai dever desculpas pra Dilma sempre.
3 - De olho neles
O camarão tá caro - E o doutor Pandego descobriu uma nota de um restaurante frequentado pelo senador Esperidião Amin no quintal da cidade onde ele vive. Volto a dizer: a cota parlamentar é recurso importante para os mandatos, mas esse valor em refeição na cidade onde o senador vive? Qual é a lógica?
3 - Deu ruim
Menos pra quem não tem nada - Os parlamentares catarinenses votaram em peso pra que caísse o veto do presidente Lula ao projeto que legisla sobre a tese do Marco temporal. O tema mexe com direito de pessoas indígenas a acessarem terras que são legitimamente deles, ou seja, retira direitos de quem precisa da proteção do estado.
Só os dois - Na bancada catarinense, só dois deputados votaram com o governo - são os dois do PT, Ana Paula Lima e Pedro Uczai. Salta aos olhos o fato de não termos representações “independentes” do bolsonarismo nas pautas polêmicas que circulam na casa. Os deputados, aqui, parecem morrer de medo da não adesão ao extremismo, o que é lamentável. Será que eles acham mesmo que todo o estado compactua com a política do ódio, do grito e do “menos pra quem não tem nada” ?
Vem aí… - As eleições municipais estão aí e as Câmaras começam a chamar atenção mais do que nunca. Em Florianópolis, os vereadores se presentearam com um aumento de 48% nos salários. Para começar a construir um estado mais humano e justo, é imprescindível politizar os cidadãos para que escolham bons representantes no legislativo. Sabemos bem onde dá aquele voto de última hora. Comecemos desde já a conversar sobre isso nos nossos círculos próximos.
5 - Considerações afinais
Essa semana começaram minhas férias.
E também fiz aniversário. Quero agradecer as mensagens de carinho que recebi no dia em que celebrei meus 41 anos. Gosto demais da minha rede do ex-Twitter e vejo/conheço/interajo com gente que segue na luta pelo mesmo propósito que eu.
Vou passar duas semaninhas sem enviar material por aqui. Comecei há pouco e já to pedindo férias, haha. Mas a verdade é que vou viajar e não vou levar note. Também não sei como vai ser meu acesso à Internet nesse percurso. Por isso, já deixo aqui um desejo de boas festas, virada de ano e muito amor pra vocês ♥️
Até logo!