Ódio à vacina é ódio à vida: até quando?
Difícil acreditar que ainda não saímos do buraco que o ex-presidente Jair Bolsonaro cavou para nos fazer mergulhar de cabeça em uma pandemia que matou mais de 700 mil pessoas no país...
Há quatro anos o mundo parou por causa de um vírus que ainda não tem remédio, mas que tem vacina. A imunização, desenvolvida em tempo recorde, salvou a humanidade do caos e da tristeza. Perdemos muita gente, mas também salvamos outras tantas graças a um esforço global da ciência e dos sistemas de saúde para combater o Sars-Cov2 com a arma certa.
Infelizmente tem gente que parece não se dar conta disso. E em Santa Catarina, a lógica é clara: quanto mais bolsonarista eu parecer, mais sucesso eleitoral eu vou ter, ainda que, para isso, precise desproteger…crianças. Sim, eu escrevi CRIANÇAS.
A vacina pediátrica contra Covid-19 faz parte do calendário nacional de vacinação e foi incluída mesmo com o pesado discurso negacionista de deputadas extremistas. Como esse assunto está sendo tratado por aqui? Vejamos!
Vi no Jornal
1 - Joinville: A cidade mais populosa do estado dispensou a obrigatoriedade de vacina da Covid-19 para matrícula em Escolas e CEIs e estampou a manchete no seu site, ostentando uma espécie de orgulho. Em um texto obscuro, o prefeito apela para que as vacinas contra sarampo e polio sejam ministradas já que se “mostram altamente eficazes".
Negacionismo puro e mórbido. Desde 2021 entidades sérias já se posicionam sobre a importância da imunização contra a Covid-19 neste grupo. Para gestantes e bebês a imunização também tem segurança comprovada. A nota técnica do Ministério da Saúde delimita todas as entidades e órgãos que atestam a segurança e eficácia da vacina para crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade. Um gestor que não conhece nem mesmo os documentos oficiais (ou finge não conhecer) está agindo contra a população.
2 - Blumenau: O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt também ostentou orgulhoso a decisão de dispensar a vacina de Covid-19 nas crianças ao contrário do que prevê o Ministério da Saúde. Diz ele que o decreto foi assinado “depois de uma análise detalhada". Não imaginava que o prefeito fosse doutor em epidemiologia…(contém ironia).
3 - Criciúma: Clésio Salvaro assinou o decreto que dispensa a vacinação infantil para matrículas escolares junto do pré-candidato a prefeito Arleu da Silveira. Na notícia divulgada pela prefeitura, ele diz que discutiu o assunto “com a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde". Que equipe é essa que contraria as recomendações do Ministério da Saúde?
4 - Ou lá por Santa Catarina: É lógico que o governo bolsonarista de Jorginho Mello também não se comprometeria com uma questão política tão forte como vacinar crianças, não é mesmo? (contém ironia 2).
Segundo a secretaria da Saúde, “ainda que os responsáveis não apresentem a carteira de vacinação, em nenhuma hipótese poderá ser negada matrícula ou frequência do aluno por esse motivo". Ainda, “os pais são orientados sobre a necessidade de atualizar os esquemas de vacinação (não apenas da COVID-19)".
Questionei como é feita essa orientação e se existe algum protocolo para tal e a Diretoria de Vigilância Epidemiológica, por meio da assessoria, mandou o link da nota técnica do Ministério da Saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, os números demonstram que as crianças não estão isentas das formas graves e letais da doença, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados 3.441 casos e 84 óbitos de SRAG por covid-19 na população menor de 1 ano de idade.
Em Santa Catarina, segundo o vacinômetro do Ministério da Saúde, o grupo de 6 meses a 4 anos é o que tem o menor volume de doses aplicadas por faixa etária, o que nos força a pensar que é necessário aumentar a cobertura. Mas como, se nem os gestores que deveriam zela pela vida humana estão ajudando?
Bola fora dos gestores catarinenses ao decidirem expor as crianças ao vírus apenas para os extremistas radicais saborearem. Triste e deprimente. Veja como o governo de Goiás lidou com esse assunto e como é possível não usar a política para desproteger um grupo vulnerável.
Por questões de tamanho da newsletter, suspendi nesta edição a seção “Craque do Jogo".
De olho neles
1- Julia Zanatta (R$ 26.981,73) e Zé Trovão (R$ 20.121,94) foram os deputados da bancada catarinense em Brasília que mais gastaram cota parlamentar no mês de janeiro. Este é o mês de recesso em que, teoricamente, despesas deveriam diminuir. Zanatta investiu mais de 20 mil reais em divulgação, já Zé Trovão continua esbanjando com seu escritório em Joinville (gastou mais de 16 mil com essa rubrica).
No total, a bancada de SC usou R$ 134.859,92 da cota parlamentar em janeiro, mas os dois extremistas do PL consumiram uma fatia avantajada do montante. Consulte o portal da transparência para detalhamentos.
Deu ruim
Essa semana deu ruim pra tanta gente que vou condensar em um bloco só. A semana começou com Carlos Bolsonaro alvo de operação da Polícia Federal para desmantelar a “Abin Paralela”, mas também teve Zé Trovão pego no flagra xingando o seu mito e Luciano Hang condenado a multa por constranger funcionários na eleição de 2018. Terminamos com a extremista Júlia Zanatta, que vem usando a tática de intimidar críticos com ações judiciais, perdendo mais uma ação para Leonel Camasão. Já pode pedir música no Fantástico?
Considerações afinais
Hoje é dia de Iemanjá e de pré-carnaval aqui em Florianópolis. Um dia ensolarado e feliz, ao contrário do que essas palavras duras da minha newsletter semanal possam fazer parecer. Vivamos a vida, portanto! Todos vacinados e felizes, amando a democracia e combatendo aquilo que se opor a ela.
Levei minhas flores pra Iemanjá…
Até semana que vem ;-)