Quem está pagando tanto marketing para universidades privadas?
O programa Universidade Gratuita está emplacando mais do que o Detran, mas a gente vai seguir questionando. E cadê os órgãos de controle nessas horas?
Oi, pessoal!
Tá tudo bem?
Por aqui, sim, mas eu só acho engraçado que…um dos programais mais onerosos aos cofres públicos catarinense segue bombando de marketing e na imprensa, ainda que não haja qualquer resultado prático satisfatório sobre a sua relevância como política pública. Primeiro porque não deu tempo. E segundo, bem….porque não é uma política pública.
Vamos hablar?
Imagem meramente ilustrativa de como seria uma universidade pública não estatal, criada por inteligência artificial
Vi no Jornal
1 - Como é mesmo? No início da semana, o colunista Robson Bonin chamou de sucesso o “programa que oferece universidade de graça em SC". Bom, nem “sucesso”, e nem “de graça” deveriam compor esse título, a bem da verdade. Primeiro porque não existe qualquer métrica ou indicador de sucesso e efetividade do programa bilionário que não conseguiu consolidar sequer uma turma de formandos e segundo porque Santa Catarina tem cinco universidades gratuitas. E elas são públicas, regidas pelas Leis da Transparência e pelo controle social. Falei disso na minha nova rede (segue lá?), e deixei registrado nos destaques.
2 - Tem certeza? Poucos dias depois, foi a colunista catarinense Estela Benetti que assegurou que o programa Universidade Gratuita “começa a impactar a economia de SC". Bom, eu aprendi na faculdade de jornalismo que “começa a impactar” não é notícia. O impacto real e mensurável, sim. A notícia não fala desse impacto real e mensurável, mas fala que “o Universidade Gratuita foi apresentado como um novo modelo de universidade pública não estatal, que pode ser replicado em outros estados". O conceito de “universidade pública não estatal” está sendo criado pelo marketing do grotesco. E tá cheio de gente caindo.
3 - Política - Infelizmente não consegui assistir toda a entrevista que a presidente da Acafe, instituição que abocanha a maior parte da verba do projeto, deu ao colega Upiara Bosch no quadro “Cabeça de Político". No entanto, tenho para mim que o nome do quadro e o aceite da entrevistada em participar já anunciam que…vem aí. Não vou fazer comentários sem acessar o conteúdo todo, mas queria deixar aqui o print de uma troca de mensagens que tive com Luciane Ceretta, a presidente da Acafe, na rede ao lado.
Bom, esses três materiais são dessa última semana. Fica aqui o meu parabéns para a equipe de assessoria de comunicação que está fazendo trabalho brilhante. Pena que nós, pobres mortais, não sabemos quem vocês são, quanto ganham e se esse dinheiro vem dos cofres públicos. Também não sabemos se esse marketing agressivo é para projetar alguma figura pública - ao que parece, sim. Os órgãos de controle deveriam estar comprometidos em cobrar do projeto a sua página de Transparência, tal qual indica a lei. Antes disso, tudo parece coberto por uma grande massa de hipocrisia e ilegalidade a serviço de algo ou de alguém.
Santa Catarina não precisa de “universidades públicas não estatais” que consomem verbas públicas sem qualquer tipo de controle social: precisa de investimentos sérios e de políticas públicas que favoreçam os mais necessitados. Dinheiro público bem investido é usado assim.
Craque do jogo
Erika Hilton - Vou falar sobre ela, mas como representante das aguerridas e combativas parlamentares feministas da Câmara, que lutaram bravamente contra a aberração que foi a nota do Conselho Federal de Medicina, orientando profissionais médicos a não realizarem a interrupção da gestação em mulheres e meninas vítimas de estupro. Erika tem usado a potência de sua voz para cumprir o mandato, mas também para fazer justiça. Nessa pauta, se destacou também pelas posições que emitiu publicamente na Câmara, sempre em defesa do direito das pessoas que gestam decidirem o que fazer diante da violência sexual.
De olho neles
Agenda em São Paulo no fim de semana? - Estava procurando os gastos da recente viagem a Europa, mas acabei encontrando uma outra coisa nos gastos públicos da deputada extremista Julia Zanatta. Em março, ela chegou a São Paulo em uma quinta-feira e por lá passou o fim de semana. Não encontrei indicativo das agendas parlamentares cumpridas na cidade, um tanto distante de Santa Catarina. O hotel luxuoso fica no coração de São Paulo, perto da badalada Avenida Paulista.
Deu ruim
Liberdade de expressão (mas só para a gente) - Os bolsonaristas extremistas e radicalizados passaram a semana toda falando em liberdade de expressão em função dos ataques coordenados por eles próprios às decisões de Alexandre de Moraes em suspender contas que propagavam fake news. Trouxe de volta esse fio, de outubro do ano passado, que lembra quem gosta de calar críticos. A liberdade de expressão, para eles, é seletiva e restrita. Vale conhecer o longo histórico recente de Santa Catarina, resumido brevemente nesse material.
Marketing ruim pra gente pagar - Choveu bastante em Santa Catarina essa semana e o governador Jorginho Mello seguiu firme na sua proposta de abusar do marketing para "tampar o sol com a peneira”. Demorou para vestir o colete da defesa civil, culpou o governo federal, sem lembrar os cidadãos do desmonte geral provocado pelo governo Bolsonaro às nossas estradas federais. E tá aí, achando graça de política séria de trabalho para detentos. Quem tá pagando? Sim, somos nós.
Considerações afinais
Essa semana, os 8 anos de impeachment de Dilma Rousseff, os 10 anos da morte de Gabriel Garcia Márquez e a morte de um famoso cientistas brasileiro, o professor Newton da Costa, me fizeram refletir sobre o tempo. E tem tempo pra tudo: pra gente crescer, pra gente entender, pra gente seguir. O tempo ajudou a ex-presidenta a colocar a história no seu devido lugar. E levou Gabo mais cedo do que nós queríamos, embora tenha trazido nesse 2024 seus últimos escritos. O tempo também permitiu que Newton da Costa me desse uma lição para a vida inteira. Convido vocês a lê-la, porque o tempo passa e a gente está sempre precisando dele.
Até a próxima <3