Sobra dinheiro e falta prioridade: SC é exemplo nacional de falta de projeto
E vamos para mais uma semana em que vemos que falta faz um gestor de verdade trabalhando pela população
Oi, pessoal!
Na semana em que o Rio Grande do Sul segue submerso e vivendo sua maior tragédia, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, decidiu fazer o que mais gosta e sabe: bajular ex-presidente sem mandato e inelegível. Prioridades, né?
E enquanto o presidente Luis Inácio Lula da Silva anunciou medidas como garantir verbas para as famílias atingidas pelas cheias, por aqui seguimos no trágico exercício de imaginação: Santa Catarina também sofre as consequências das mudanças climáticas e do El Niño. E se algo desse tamanho e com essa magnitude ocorresse por aqui? Que tipo de gestão teríamos com um governo que só trabalha para polarizar ainda mais o Estado?
Vamos de barra de rolagem, que tem assunto!
Deu Ruim
1 - Tem grana sobrando, mas - Mesmo com quase R$ 1 bilhão a mais no caixa de sobras orçamentárias do ano anterior, o estado de Santa Catarina deixou de investir na Defesa Civil, vetando emendas não impositivas dos deputados estaduais que dariam mais fôlego às ações do órgão, um dos principais no enfrentamento a situações de inundação. A falta de priorização para emergência climática fica ainda mais visível quando se traz à tona também dados de 2023, em que cidades como Blumenau e Rio do Sul enfrentaram enchentes: o governo Jorginho Mello não aplicou o que tinha disponível para construir e reforçar barragens de contenção de cheias.
As gestões do orçamento de 2023 e 2024 mostram escolhas feitas pelo governo do bolsonarista Jorginho Mello e revelam contradições. Com relação às barragens, por exemplo, em 2023 havia recursos de pouco mais de R$ 12 milhões, somente para a bacia do Rio Itajaí. A verba foi atualizada para cerca de R$ 1 milhão, mas mesmo assim o valor não foi utilizado em nenhum projeto. Além disso, o governo tinha assegurado R$ 21 milhões para ampliação de barragens existentes, mas investiu somente R$ 1,5 milhão. Agora parece populismo dizer que está preocupado com cheias, não é mesmo?
2 - Recusou tudo - Em 2024, o cenário não foi diferente. Os deputados estaduais que apresentaram emendas não impositivas à Defesa Civil e conservação de barragens também tiveram a solicitação de recursos vetada pelo governo Jorginho Mello. Nem mesmo deputados do partido do governador foram atendidos, caso de Oscar Gutz (PL), que solicitou R$ 60 milhões para operação, manutenção e conservação de barragens no Alto Vale. A justificativa ao veto foi de que "a redução prevista afeta as ações planejadas para o exercício 2024, podendo prejudicar as previsões orçamentárias e financeiras".
Já o deputado Fabiano da Luz (PT) chegou a citar as mudanças climáticas em sua solicitação. Ele pediu R$ 25 milhões de suplementação à dotação orçamentária para reforma, melhoria e ampliação de barragens. O governo Jorginho Mello também vetou, com a mesma justificativa de afetar ações já planejadas.
3 - Tem projeto? Os argumentos para os vetos, entretanto, escondem quais seriam estas ações. Segundo o portal da transparência, a Defesa Civil tem seus projetos de prevenção, uma das rubricas da pasta, com dotação inicial de R$ 44,8 milhões, com apenas R$ 8,6 milhões liquidados até aqui. O montante é utilizado, entre outras coisas, para a operação e manutenção da rede de monitoramento e alerta, com dotação inicial de R$ 7,5 milhões, mas dos quais apenas R$1,5 milhão foram utilizados.
Imagem criada por Inteligência Artificial
Vi no jornal
1 - A chave do cofre - As cifras e os meandros políticos que sustentam o orçamento público de Santa Catarina ainda trazem um fator adicional: a jornalista Dagmara Spautz revelou que o Estado tem quase R$ 1 bilhão de “sobra” para o orçamento e está sendo pressionado pelos deputados a utilizar os recursos. Só em emendas não impositivas para a Defesa Civil, por exemplo, eles pediam R$ 400 milhões, que passaram por cortes durante a tramitação, mas que resultaram em vetos sob diferentes justificativas.
2 - Projetos populistas - Assusta, mas não surpreende ver em cifras a total falta de projeto do governo para qualquer coisa. Os principais investimentos de Jorginho Mello até agora são populistas, não são baseados em racionalidade ou em técnica, caso do Universidade (nada) Gratuita e do projeto irreal de zerar cirurgias eletivas na Saúde. O último nó foi a secretaria de Segurança Pública, que trocou novamente de chefe - a terceira vez em um ano e meio. Como ter projetos desse jeito? Se nem a pasta pela qual os bolsonaristas prezam tanto consegue manter um comando, o que dizer do resto?
Craque do Jogo
1 - Dilma Rousseff - Já citei a ex-presidenta aqui, mas volto a mencioná-la em razão das voltas que a terra plana dá. Vi lá na outra rede que em 2016, já golpeada pelo Congresso (com Supremo, com tudo), ela trafegava de bicicleta pela orla do Guaíba, em Porto Alegre. Hoje, com a caneta na mão, vai ajudar a reconstruir a cidade com verbas bilionárias do Banco do Brics, instituição que preside: são 5,7 bilhões para ajudar o Rio Grande do Sul.
2 - Antero Greco - Se foi um grande jornalista brasileiro, que apesar de ser mais conhecido por sua atuação na editoria de esportes também deixou um legado de grande intérprete da política do nosso tempo. Aliás, o Brasil tem muitos exemplos de jornalistas na cobertura esportiva que nunca deixaram de se posicionar em defesa de valores da democracia. Juca Kfouri, José Trajano, André Rizek…isso sem contar os comentaristas, como Casagrande e Neto. Meu respeito a todos eles!
De olho Neles
1 - Diária para pisar em vidro- Passou quase despercebido esse enorme absurdo que infelizmente sintetiza o mau uso de diárias feito em muitos gabinetes parlamentares. Marcius Machado, líder do PL na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, recebeu R$ 5 mil por três diárias para ir a um evento de coach em São Paulo. Tirem suas conclusões sobre o interesse público.
2 - Bananinha fala muito - Os passeios de Eduardo Bolsonaro pelo exterior também estão custando caro para os cidadãos, com benefícios inquestionáveis (porque não existem). O Doutor Pandego captou uma das notinhas somente com a passagem de ida para os Estados Unidos: R$ 8, 692. Quantas famílias pobres esse dinheiro alimenta?
3 - Recursos públicos com notícias falsas e deboche - Jorginho Mello e a deputada federal extremista Caroline de Toni brilharam nacionalmente como dois dos grandes eixos da desinformação na tragédia do RS. A informação sozinha já seria absurda, mas quando a gente se dá conta que essas pessoas operam máquina pública com o seu mandato, com verbas de publicidade e de cota parlamentar, fica ainda mais difícil de entender como não existe regulação para isso.
A deputada Júlia Zanatta também usou suas redes para debochar de jornalistas que cobriam a tragédia. Um dia depois, a Associação Catarinense de Imprensa emitiu uma nota, sem citá-la. Mas acho que para bom entendedor meia palavra basta.
Considerações afinais
Por hoje é tudo…
Seguimos aqui, na torcida para que tudo isso passe logo e que os políticos que nos representam possam usar seus mandatos para colaborar com a reconstrução do Rio Grande do Sul, com o acolhimento a tantas vítimas e com a prevenção a novos desastres. O investimento em ciência do clima também é cada vez mais prioritário para que isso aconteça. Foi a ciência que nos salvou da pandemia, lembra? Sigo confiando…
Até a próxima!