Para a tristeza dos extremistas e dos pouco afeitos ao jogo democrático, estou de volta! Acabei demorando mais do que as duas semanas que pedi de folga para vocês, mas foi por motivos muito necessários. Espero que não me abandonem por isso, já que temos muitas notícias a repercutir, começando por:
(Quase não) Vi no Jornal
O principal assunto do noticiário político catarinense nos últimos dias não esteve tão presente no noticiário local, embora tenha repercutido nacionalmente: o vergonhoso caso de (quase) nepotismo em Santa Catarina escancarou que o governador Jorginho Mello acha normal um filho ser nomeado secretário. Queria ver se fosse o Lula.
Faltou engajamento da imprensa nos bastidores da (não) nomeação. A Procuradoria Geral do Estado, por exemplo, deveria ter sido escrutinada, já que juristas identificaram problemas na forma como o órgão conduziu a briga judicial com o PSOL. A estratégia foi pouco compreendida, já que, de início, reivindicavam um mandado de segurança alegando uma decisão “sem pé nem cabeça” do desembargador de plantão João Marcos Buch. Depois, conseguiram uma vitória no Tribunal de Justiça, mas sem grande serventia: o estrago já estava feito.
A imprensa de SC fez vista grossa para a estratégia tresloucada dos procuradores acionados por Jorginho para nomear o filho. E tentou de todas as formas fingir que não viu o pequenino PSOL assumir um protagonismo inédito no debate público. Uma pena, pois quando há oposição jogando o jogo dentro das regras democráticas, duelos entre poder e oposição beneficiam a política e a democracia.
Desde o início, jornalistas compraram a versão de que o nepotismo era permitido e autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em caso de cargos políticos, mas aqui eu mesma mostrei que em Santa Catarina os secretários empossados precisam assinar um termo dizendo não ter parentesco com o governador. Faltou apuração, sobrou oficialismo. Difícil de aceitar que qualquer jornalista tenha se orgulhado da cobertura sobre o caso.
Craque do Jogo
1 - Rodrigo Sartoti: O advogado responsável pela ação que abalou a família Mello jogou com a técnica. Aqui fiz um fio baseado nas explicações dele sobre o assunto nepotismo e como isso é debatido no meio jurídico. Sartoti também foi eficiente nas redes sociais: respondeu a imprensa que desconsiderou desde o início sua ação e soube capitalizar os louros da vitória.
2 - João Marcos Buch: No plantão, o desembargador adiou o sonho de Filipe Mello de ser secretário de Estado no governo do próprio pai. Depois, com os desdobramentos que o livraram de um carimbo de “decisão” teratológica, foi fator decisivo para a desistência dos Mello de prosseguir na empreitada. Buch já foi notícia na mídia muitas vezes por suas decisões alinhadas aos princípios dos direitos humanos. Dessa vez, conseguiu protagonismo político também ao destronar o herdeiro do rei.
De Olho Neles
1 - Doutor Pandego, o cachorro que é o terror dos extremistas que se amarram em torrar dinheiro sem dar retorno à população, lembra que Carla Zambelli está investindo alto em divulgação da atividade parlamentar e ainda não explicou reembolso de um hotel em Florianópolis em plena alta temporada de 2023. Zambelli foi bastante lembrada no dia 8 de janeiro.
2 - Por falar em 8 de janeiro, a empresa de Emílio Kerber, que se intitula jornalista, escritor e palestrante, recebeu R$ 2 mil do gabinete da deputada Julia Zanatta em outubro. Segundo consta, trabalhou para “Produção e revisão de textos jornalísticos para divulgação da atividade parlamentar”.
No mesmo mês, fez ampla divulgação do ranking dos deputados federais mais alinhados à oposição bolsonarista. Adivinha quem está nele? A própria! Também há nota do mesmo prestador paga por Cabo Gilberto Silva (PL/PB), outro integrante dessa mesma lista, e no mesmo valor.
Kerber recentemente publicou um livro com “relatos de mulher presa pelo 8 de janeiro”, aquele evento notório e conhecido pela tentativa de um golpe de Estado no Brasil (aliás, viram o doc da Globo News? Gostei!). Ele também já foi citado em apuração do Aos Fatos. Segundo o site, transmitiu ao vivo “entrevistas com alguns dos que acampavam em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília para pedir a anulação das eleições. Após os atos do dia 8 de janeiro, ele saiu em defesa dos manifestantes e relacionou as prisões a métodos nazistas”.
Deu ruim
1 - Evitei comentar nas minhas redes a fala abominável do governador de SC sobre a esquerda, que fez menção a uma característica física do desembargador João Marcos Buch. Mas agora o próprio desembargador se pronunciou, então cito aqui integralmente o que ele compartilhou nas suas redes sociais.
“Minha cicatriz nunca me impediu de ser quem sou, aliás, ela me constituiu. Mas apenas eu a senti na pele e no coração, quando ainda era tão jovem. Apenas eu sei. Graças à minha família, jamais me vitimizei, muito pelo contrario, soube me empoderar infinitamente com essa “marca”. Eu a vivo com força, consigo ver no espelho a beleza que não se mostra nos filtros de stories. E eu me escuto e me torno meu melhor amigo, fiel aos meus princípios. Obrigado a todas as pessoas que tanto afeto me transmitem. Sou privilegiado.”
Considerações afinais
Hoje completo 10 dias sem meu amado cão Django, um pastor alemão de 10 anos que ocupou, nessa década, todos os espaços das minhas moradas e do meu coração. A dor de perder um animal amado em nada difere de um luto. A saudade aperta em todos os momentos e é difícil aceitar a falta, a ausência. Aproveitem a companhia dos seus e não tratem como clichê aquele velho conselho de viver cada momento como se fosse único. Nada é tão verdade na vida como isso.
Bom fim de semana e até sexta que vem ;-)